Diversos fenômenos têm tomado conta dos espaços escolares no mundo inteiro e provocado uma inquietação uníssona. Os jovens estão tendo mais dificuldades para aprender? Seu desinteresse pelos conteúdos escolares aumentou?
O que os sistemas de avaliação mostram é que no Brasil o desempenho dos alunos não tem evoluído a contento, mesmo com o volume crescente de investimentos sendo destinados para o campo da educação. No último resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA (PROGRAMME FOR INTERNATIONAL STUDENT ASSESSMENT), o Brasil assumiu a posição 53 em relação às 65 nações participantes. Entre outras coisas, o exame avaliou como os estudantes utilizam suas competências para resolver problemas relacionados à leitura, ciências e matemática. Em relação à prova de leitura, 40% dos brasileiros atingiu a nota 2, de uma escala cujo máximo é 5.
Todavia, fora das fronteiras da escola a tônica é outra e alguns fatos podem ser observados: todos os dias os jovens acessam uma quantidade fenomenal de informações e são capazes de filtrá-las; não obstante, eles se adaptam às tecnologias e aos novos dispositivos. Em outras palavras, os jovens estão engajados em diversas experiências que exigem constantemente que eles aprendam sozinhos. A percepção desses comportamentos tem despertado muito interesse em entender como a aprendizagem na era digital ocorre nesses espaços, o que os tornam mais propícios e que habilidades os alunos têm desenvolvido para gerir a sua capacidade de aprender. Assim, tem se tornado senso comum que a educação do futuro deve privilegiar novas competências para os jovens, principalmente porque o ritmo acelerado de mudanças a que estamos expostos reflete a necessidade de preparar cidadãos capazes de resolver problemas, de questionar como meio de geração de conhecimento, de se adaptar à novas situações e aprender de maneira autônoma, algo que garantirá que o fluxo de aprendizagem dos jovens seja um modelo autossustentável até a idade adulta.
Tais projeções colocam em crise a maneira pela qual entendemos a educação de hoje. Ao longo dos tempos assumimos que a aprendizagem só acontece a partir da escola, através da figura do professor, responsável por ensinar os mesmos conteúdos a todos os estudantes, no mesmo ritmo e da mesma forma, em um ambiente intolerante e punitivo, que não é capaz de lidar adequadamente com as situações de falha dos estudantes. A percepção desse novo modelo de educação projeta na escola um espaço mais humano, envolvente, que trata os conteúdos escolares de maneira conectada com o que o ocorre no mundo real e, principalmente, que busca a utilização de mecanismos que permitam aos estudantes atingirem a proficiência dos saberes através da indagação, do incentivo à descoberta e a exploração dos seus interesses, do uso da criatividade e do seu papel de tornar os alunos responsáveis pelo seu processo de aprendizagem.